Amar é uma experiência que a vida vai fornecendo, herdado na família, experienciado nas relações íntimas e amorosas ou vivido nas amizades. Mas tudo isso nem sempre fornece a melhor experiência de amor. 

Quando a experiência não é a melhor, esse amor pode ficar marcado por desapontamento, mágoa, desilusão, desconfiança e sentido como desamor. Este é o tipo de amor que quase todos conhecem.

Ensinar uma criança a Amar, a começar pelo Amor a si mesma, e acompanhar o seu crescimento nesse Amor, só é possível quando o adulto tem experiência do seu próprio Amor. Mas um adulto só poderá transmitir esse Amor se o conhecer. 

Assim se percebe porque ninguém ensina a Amar. Como não se herda essa experiência de Amor, ninguém sabe como ensiná-la.
Este é um ciclo que dura há séculos. Ninguém ensina a Amar porque não sabe como ensinar. Como se pode ensinar o que não se sabe, o que não se expandiu, o que não se experienciou?

A pessoa não sabe por si, não sabe explicar porque não herdou esse Amor, possivelmente até viveu no seu oposto. Não teve a oportunidade de alguém a ter incentivado, de lhe o ter mostrado.
E tanta vez que aqueles que poderiam transmitir a experiência do 'Amor em Mim' são os que mais ferem. 

Então a pessoa esforça-se em reequilibrar o que tanto lhe faltou e tenta chegar ao seu Amor por si mesma, sem saber bem como e agindo por tentativa e erro.
Muitos se esforçam para tentar chegar ao 'Amor em Mim’, mas falta a base para saberem como se expandirem no seu Amor.

Por falta de Amor não há condições de cura.
É preciso curar porque quando alguém se feriu emocionalmente, esteve em sofrimento ou em processos que mais marcaram a sua vida, não existiu contexto de cura. O sofrimento prolonga-se porque não há contexto de cura. É surpreendente como isto nos escapa com enorme facilidade.

Sem contexto de cura não é possível cuidar, limpar, purificar o que provoca dor e sofrimento. Não é possível iluminar a energia de afectação que esse momento provoca. Isto é válido para qualquer tempo, passado, presente e principalmente futuro. Sem contexto de cura aprende-se da maneira mais dura e é sempre uma aprendizagem muito limitada, mas muitas vezes parece ser necessária e útil. Sem contexto de cura, sem o Amor à frente, os eventos que marcam a vida formam imprintings de afectação que ficam registados energeticamente.

Os processos emo-sentimentais — desde os mais simples aos que mais ferem e agridem, aos que dão tormento e traumatizam — são ultrapassados na melhor forma que se consegue.

E quanto mais antigos e profundos forem esses processos mais dificuldade se terá em lhes aceder. Vão-se acumulando em esquecimento mental ou em aceitação resignada, porém a sua energia permanece e vai emergindo na vida sem que a pessoa perceba. Sente e vive o seu efeito, mas não percebe a sua origem, não percebe de onde aquilo vem, não se consegue fazer a ligação.

Muito se tenta para que o drama saia da vida. O desgaste de uma dor ou desespero, um ataque de ansiedade ou pânico, a tristeza de um desamparo penetrante, podem colocar qualquer um numa situação energética crítica e, por vezes, é mesmo necessário uma intervenção rápida, porventura uma reanimação energética.
No entanto, se não houver abertura para se curar esse drama em Amor, aquilo a que se chama processo de cura, será só momentâneo, poderá ser só um tranquilizante, um analgésico, um adiamento e não vai ser fácil viver sem colete salva-vidas.

Muito se tenta de facto, mas apenas na mente, não em coração.
Ou melhor, tenta-se com o coração que se tem na mente.
Porém, como se pode curar apenas na mente se o que feriu foi por falta de Amor? A mente sozinha não sabe lidar com a dor para a poder curar e a energia vai permanecendo dentro, por falta de cura.

Por falta de Amor.
Por falta de Amor as pessoas ferem-se e magoam-se, relações vivem em crescendo de tensão e cessam em dor e conflito.
Pais e filhos criam atritos e entropias por vezes em rutura ou vivem de costas voltadas em incompreensão mútua.

Por falta de Amor fazem-se concessões e cedências para não provocar situações desagradáveis. Vai-se fazendo de conta, agradando aqui e ali, a este ou àquele.

Por falta de Amor se destabiliza e se deprime, se sofre em silêncio em agonia de vida.

Por não se ter o Amor ao centro, com inconsciente facilidade, se critica, condena, julga, ridiculariza, manipula e se tenta controlar a realidade do outro ou forçar-lhe uma mudança.

Por falta de Amor não se acredita no presente ou no futuro e decide-se numa ilusão de conveniência. Não há confiança própria, não se consegue Ser Quem Realmente se É. 

Por falta de Amor vive-se em solidão e tristeza, vive-se em medo e desassossego. Vive-se descentrado e em desconexão, vive-se de coração fechado.

E tanta vez que se cobra esse Amor sem se saber que é de um acto de Amor que se carece. Lida-se com o desgaste de pensamentos e emoções que parecem não ter termo. Carregam-se tantos sentimentos de desamparo. Não se consegue resolver o que tanto destabiliza. Não se vive em verdade, não se consegue ser autêntico. Tudo isto acontece sem se conseguir ligar os pontos.

Tudo acaba por desaguar no grande lago da carência. Temos tanta carência na vida e quase toda não-consciente. Assim se vive num aperto ou resignação, por vezes uma vida inteira, pois sem Amor vive-se uma vida condicionada de carência energética.

Por isso, há na vida de alguns a necessidade de chorar coisas profundas, feridas que nunca sentiram o Amor, sofrimento que nunca viu alívio, tristeza que nunca se iluminou em esperança.

Também é verdade que para muitos vai sendo mais fácil falar de Amor. Mas uma coisa é falar, outra é viver no âmago da sua energia.

Então porque há necessidade de curar?
É preciso curar porque esse é um dos grandes desígnios da vida.
E está bem na frente de cada um a solicitar atenção, mas ainda são poucos os que entendem os seus sinais. Pode-se fazer muito na vida, mas não se imagina o que precisa de cura.

Sem cura, faltará sempre algo. Mesmo que a pessoa não note, os outros, aqui e ali, vão notar. Também não sabem o que é, pois, tudo decorre em subconsciente ou não-consciente, mas irão reagir à frequência. Isto acontece todos os dias.

A pessoa empenha-se em fazer tudo o que considera ser importante fazer, mas mesmo assim parece não ser suficiente, mesmo assim o outro não acredita, ou descredibiliza, ou ignora, ou emite opinião desfavorável ou até faz troça.
Isto é geral e válido para tudo na sociedade em que se vive, desde as relações íntimas, às familiares, às profissionais, às sociais. 
É impressionante como se enraizou na realidade e na cultura social de quase todos e, assim, se considera normal.

É preciso cura para se viver de coração aberto pois há um enorme esforço de todos a fazer coisas para se ser reconhecido como autêntico, para se ser aceite em pertença, para se ser amado.

Somos muito afortunados.
Contudo, a energia do coração está a expandir-se no planeta e o Amor a ser partilhado com mais consciência e propósito.

Está a tornar-se eminente, e até difícil, viver sem curar as partes que tanto ainda apertam a vida e a estagnam. 

Como humanos somos muito afortunados por vivermos num tempo em que tudo isto pode mudar na vida de cada um.
Mas precisamos de Amor. Precisamos tanto de Amor. Amor para transformar ressentimentos, culpa e insuficiências em compaixão, paz e doçura. 

E em cura de Amor a vida anda para a frente, como um todo.
As partes que vão à frente, ajudam as partes mais ‘atrasadas’, e todas juntas fazem avançar a vida como nunca.

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